Violência contra as mulheres X Masculinidade tóxica
- Marcela Rolim
- 5 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2020
Falar de todas as armadilhas de um relacionamento abusivo e quais as fases do ciclo da violência é só um paliativo se a gente não traz para o centro do debate o homem.
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Eu, Marcela, autora dos posts desse blog, fui vítima da violência psíquica cometida pelo meu ex-namorado. Vivenciei uma relação abusiva e experimentei o ciclo oscilante entre a fase da “lua de mel” e das “agressões”. O que me foi dado, e eu aceitei, por durante um bom tempo, foi apenas desamor.
Mas agora chegou a vez de falar deles: dos abusadores. Porque os homens agridem? O que significa ser homem na nossa cultura? Será que podemos universalizar e dizer que todos os homens são iguais? Estas são algumas perguntas que nortearam a minha reflexão, principalmente após ver uma enxurrada de vídeos da psicanalista Valeska Zanello, da Universidade de Brasília, onde ela fala sobre os processos de subjetivação de homens e mulheres, a prateleira do amor, o sentimento de culpabilização pelas mulheres, e por aí vai.
Na nossa cultura, homens foram criados para comandar, para falar grosso, não podem chorar, não podem ser frágeis, não demonstram emoções, tem que disfarçar o sentimento de qualquer forma, não cometem erros, ficam sempre em vigília dos seus comportamentos para nunca serem confundidos com uma mulher, e blá blá blá. A construção da masculinidade é feita a partir da negação da feminilidade e é, com base nesse entendimento, que se constata uma masculinidade adoecida, tóxica.
Mas o que tem a ver a masculinidade tóxica com a violência contra as mulheres? Tem a ver porque os homens estão vendo o mundo em constante mudança, está ficando cada vez mais difícil o homem sustentar essa máscara de imbatível, de ser líder em tudo. As mulheres estão clamando por direitos iguais, estão nos espaços de poder, as responsabilidades da casa não são só delas, não se colocam mais como submissas, exigem respeito, elas passaram a se conhecer mais buscando apoio com processos psicoterápicos; afinal, terapia, na cabeça dos atrasados, é coisa de “doente” e de “mulher”. Pois bem, as “adoecidas” estão se tornando cada vez mais empoderadas e questionadoras: Se pode para um homem por que não poder também para as mulheres?
E é aí que mora o perigo! ALGUNS homens não conseguem administrar internamente todas essas mudanças, e o novo lugar da mulher no mundo, não olham para as próprias questões, não dividem com os amigos e com a família seus próprios erros e fragilidades, e acabam cultivando uma raiva que bloqueia a capacidade de clareza desses homens até perderem o controle e partirem para o ataque! E falo aqui de todas as formas de ataque, desde agressões verbais até a agressão que interrompe a vida de uma mulher. A culpa é sempre da mulher, está sempre no colo dela, há sempre uma justificativa.
Mas peraí, todos os homens são agressores em potenciais? Claro que não, e isso é que é a verdadeira beleza da vida. As pessoas não são iguais, as experiências não são vividas da mesma maneira, existem homens que enxergam a masculinidade de outra forma, principalmente aqueles que são pais de meninas, existem homens que admiram e amam suas mulheres, existem os sensíveis, os que cultivam relações leves, os que acolhem as angustias da parceira, os que se colocam disponíveis para mudanças, enfim, existem homens saudáveis em suas relações com as mulheres!
Ma, já te disse quem tu é, guerreira e lutadora! Meus parabéns pelos textos. Bjão.