Por que aprender a se amar?
- Marcela Rolim
- 14 de jun. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de ago. de 2022

É incrível estudar a psicanálise. Cada vez que eu leio, ou quando escuto alguma live dos “meus” professores prediletos, me apaixono mais e mais. A minha última audácia foi estudar sobre o Supereu ou Superego, termo criado por Freud responsável pelo julgamento de nossas ações e pensamentos. A minha intenção nessa aventura era tentar entender o porquê a gente se julga tanto e, principalmente, entender o que é necessário fazer para sair dessa armadilha e aprender a se amar. Sim, meus caros, a gente não se ama, pelo menos como deveria.
Existe um distanciamento entre o eu, o supereu e o outro e, pelo que entendi, haverá sempre devido à cultura da qual estamos inseridos. Tentarei explicar. O indivíduo se amolda aos padrões impostos pela sociedade, criando modelos introjetados que o faz apreender os atributos do outro e modificar a si mesmo, total ou parcialmente.
O tal superego, elemento estrutural do aparelho psíquico, faz o trabalho de impor sansões, normas e padrões. Por um lado, ele é excelente quando nos impõe determinadas regras, mas por outro ele traz uma narrativa que nos colocará pra baixo. O superego se constitui em um modelo superior ao eu, porém ele nada mais é do que a criação de um ideal que a gente mesmo constrói e projeta. A questão é que esse ideal é sempre da ordem da ideia, e não da ordem do real. Quantas vezes fantasiamos um ideal de postura, de beleza, de felicidade, e nos deixamos levar por esses padrões?
O superego funciona como se fosse o ideal do ego, e quase raramente acontece o contrário: o ego ser o que o superego deseja. O superego censura e pune através de sentimentos de culpabilidade e de comparação com o outro, colocando o eu sempre aquém do outro. Então, funciona assim: O meu eu se identifica com o meu supereu (com a minha própria posição super egoica) e assim eu me alio a esse supereu julgador para me diminuir. E é aí que a gente não se ama!
Cada vez que nos criticamos de forma julgadora estamos nos identificando com o supereu crítico, e há gozo nisso. A gente sente prazer neste movimento de nos punir. E, não nos enganemos, isso é mais comum do que podemos imaginar.
Então, como aprender a sair desse gozo super egoico de detratar o eu? Inicialmente é preciso que entendamos qual a função desse supereu e que este nada mais é do que ideais e uma projeção dos modelos identificatórios criados por nós mesmos a partir da cultura que estamos inseridos. Segundo ponto, e o mais essencial para cortar esse movimento punitivo, é entender e internalizar que somos humanos com todas as nossas fragilidades, nossos erros, impotência, fases e passados, e que não há modelos a serem comparados e muito menos julgados, nem por nós mesmos nem pelos outros, porque cada um tem a sua história e trajetória de vida.
A mensagem mais importante que gostaria de deixar com esse post é a vigília que devemos ter com os nossos pensamentos e atos. Vigiar o que produzimos em nossa mente, interromper pensamentos que nos levam a lugares funestos, manter diálogos internos sinceros e, principalmente, promover o entendimento que o julgamento machuca e maltrata, ainda mais quando proferido sem embasamento ou sem conhecimento de causa.
Que saibamos evoluir, sempre! Os erros estarão por vir, mas que saibamos não mais repeti-los, da mesma forma, da mesma intensidade, até o momento de não repetirmos de forma alguma!
Muito bem minha amiga Marcela! Artigos cada vez melhores. Show de bola!
Como sempre, excelente texto! A vida realimente é uma eterna evolução! Te amo!