“Gostar de mim é perigoso. Eu sou de verdade e isso assusta muita gente”
- Marcela Rolim
- 21 de out. de 2021
- 2 min de leitura

Quando eu li essa afirmação imediatamente pensei em escrever sobre, até porque a minha caminhada de aprendizado é baseada no entendimento de que somos ambivalentes e que transitamos entre dois extremos da nossa própria dualidade: tanto a capacidade de praticar o bem, quanto o mal. Ser de verdade é reconhecer, acolher e se apresentar como realmente somos. Faz-se necessária a conscientização de que não somos os mocinhos que imaginamos ser. É preciso coragem para nos apresentar como tal. E isso assusta muita gente.
Gastamos muito tempo construindo imagens do nosso “eu” para sermos vistos e quistos pelas pessoas, mas gastamos muito pouco tempo refletindo e falando para nós mesmos quem realmente somos. Não falo por mim, porque uma coisa que faço e considero importante para a minha evolução é falar na análise sobre o meu lado obscuro: faltas, falhas, padrões, inseguranças, medos e por aí vai.
Aprendi que é preciso hombridade para reconhecer que o mal também habita nosso interior e que só provocamos mudanças a partir da aceitação do autoengano de pensarmos ser o que não somos. De fato, não existe nada perfeito e equilibrado e aceitar que somos corresponsáveis pela desordem que tanto reclamamos em nossas vidas é o grande passo para a anulação das más inclinações egóicas.
Porém, o que eu quero transmitir com este post? Que todos nós estamos suscetíveis a vivenciar os mais diferentes estados emocionais digamos que ruins, dependendo dos contextos em que estamos inseridos. Reparem que eu mencionei “estado”, o que significa dizer que estar é diferente de ser. Posso vivenciar um estado de desequilíbrio a partir do que me acomete, mas não implica dizer que sou desequilibrada. Compreendendo que é inerente ao ser humano “estar” nas mais diversas emoções, isso nos torna menos julgadores e, com isso, passamos a respeitar mais o outro. É claro que cada um de nós manifesta as emoções de um jeito, de uma intensidade e periodicidade. O que precisamos é ter vigília sobre o que sentimos e como reagimos aos sentimentos para que não fiquemos à mercê deles.
Pois bem, quem vos escreve tem a doçura e a fúria andando de mãos dadas porque sou humana e absolutamente imperfeita. Todos os dias eu enfrento os meus monstros internos e ninguém sabe. Mas eu sei que enfrentá-los me fará ser ainda mais corajosa e me surtirá muito mais maturidade para lidar com as situações externas. É preciso força para esconder nossos próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los. E demonstrar literalmente o que somos, com recalques, neuroses e transgressões, assusta muita gente. Mas só se avança ao rompimento de padrões e ideias carregadas de verdade se as pessoas romperem com os diagramas racionalizados que brecam ao inconsciente.
Sou genuinamente poderosa, com todas as minhas fraquezas e falhas. Sou bela, não só pela sensualidade que exerço, mas pelo fato de reconhecer os meus extravasos, ter a consciência que preciso domar alguns ímpetos e, principalmente, por reconhecer que certos lugares não me cabem mais. Se ser de verdade assusta muita gente, então que essa gente viva num mundo glamourizado, onde tudo parece descartável. A vida é um “batidão” difícil...
Você é linda por dentro e por fora. Ser verdadeira não assusta...apaixona-se!